Bichos
2011-presenteOs papéis de resultado do jogo do bicho que sobram para o “apontador” foram recolhidos e acumulados. Esses papéis foram dobrados e introduzidos entre os fios de uma rede (tipo de pesca). Assim foi feita uma fantasia, desenvolvida para o projeto da Escola de Samba Mirim Pimpolhos da Grande Rio. Outros desenvolvimentos se seguiram em “Meio bandeira”, e, na sequência, com o desenvolvimento da série “Bichos”, iniciada com a primeira “Águia”. O paradoxo do jogo do bicho ser considerado contravenção e estar profundamente arraigado na cultura do Brasil toca na questão da identidade do brasileiro. O “jogo do bicho” se apresenta como uma peculiaridade nacional. Embora proibido e considerado violação, está presente no cotidiano do país. Em sua realização, esse trabalho aplica uma redução conceitual semelhante à aplicada no projeto “Cadeira”, já que o próprio material (resultado do jogo) é utilizado na formação da imagem, o que “imita” analogicamente a formação da imagem digital por “pixels”. Procedimento também recorrente em “Bolas”, que, com a mesma estratégia, explora o significado do material na formação da imagem e assim procura potencializar seus sentidos possíveis.
Águia
Busca da adequação entre as formas e a clareza da imagem.


Subsérie autorretratos
O modelo foi uma foto de jornal e reproduz uma imagem de divulgação do Ardipithecus (uma fêmea), na época do início da pesquisa o mais antigo ancestral conhecido oficialmente pelo homem. O homem é identificado como um “macaco burro”, que gosta de jogos (ditos “de azar”). As palavras escritas, além de função formal de adequação do título à imagem, objetivam conduzir a reflexão em torno dessa própria condição do homem que cria jogos, que gosta de jogos, como o do bicho nas suas condições e no seu contexto peculiar no Brasil. Algo que pode se estender a outros tempos, posteriores ao da relação do observador com o trabalho, mas que talvez somente possa ser alcançada com a informação disponível de modo verbal: a de que se trata de um Ardipithecus, tornando a auto-referência mais evidente. E tudo isso pode ocorrer em um tempo posterior ao da relação visual do observador com o trabalho, ou mesmo através da observação da foto. Implica em que haja alguém informado e disponível nesse tempo e espaço para notar, descobrir, passar ou repassar a informação, já que esses títulos de subséries não são divulgados com a apresentação do trabalho.

Avestruz
Pesquisa da relação de projeção e identificação humana com a imagem e o material.

Avestruz. Papel de resultado de jogo do bicho e rede. 130x80cm. 2014.
Boroboleta
Pesquisa das dimensões máximas possíveis em função das redes disponíveis no mercado e sua relação com o peso do papel.

Burro
Pesquisa da relação de projeção e identificação humana com a imagem e o material.

Cavalo
Pesquisa da relação de projeção e identificação humana com a imagem e o material. Realizado para a mostra Salve São Jorge, promovida por Raimundo Rodriguez.

Galo
Pesquisa da relação de projeção e identificação humana com a imagem e o material. Explora a possibilidade de maior utilização da própria rede na formação da imagem.

