Balas

1996


Para a realização dessa instalação, cápsulas vazias de pólvora de balas recolhidas nas ruas pelas crianças da comunidade de Vigário Geral foram trocadas por balas de açúcar na Casa da Paz, como parte de um projeto do sociólogo Caio Ferraz. No local, nesse projeto, cada cápsula de bala disparada e recolhida pelas crianças da comunidade era trocada por quatro balas de açúcar. Dessa maneira, essas crianças eram atraídas para as atividades da casa pela oferta de balas de chupar. A parceria com o artista na ocasião forneceu balas para a casa e a livrou de algo para o que não havia um destino previamente definido.

Na instalação constavam, além dessas cápsulas, fotos 3x4 recolhidas de fotógrafos de rua da época (lambe-lambe), que foram dispostas às avessas sobre um manto negro (1 x 3 m), sendo facultado ao público desvirá-las (ou não), enquanto balas de leite ficavam encapsuladas no local onde antes havia a parte de metal da bala. O trabalho traça um jogo com a sonoridade das palavras “balas”, de significados distintos, embora se tratem de palavras homônimas homógrafas.
O caráter instalativo e sua transitoriedade reforçam a oposição entre a morte (sugerida pelas cápsulas de balas, fotos e pelo pano negro), e a vida, associada ao açúcar, por sua vez também um elemento mutante.





Balas. Instalação. Balas de leite, cápsulas de balas de diversas armas e fotos 3x4 sobre veludo negro. 3x1,5x0,05m. 1996.